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Competitividade no automobilismo não é afetada de forma negativa pelas dinastias que se constroem naturalmente no esporte

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Foto: Mercedes AMG F1 Twitter
Foto: Mercedes AMG F1 Twitter

Enquanto boa parte das atenções do planeta estavam voltadas aos Jogos Olímpicos de Tóquio, o automobilismo continuou firme e forte em seu trajeto, apesar de não fazer parte do rol de esportes da reunião competitiva entre nações a cada quatro anos. Como já ocorre há anos, o maior destaque continua sendo a Fórmula 1, graças à sua capacidade de atrair para a categoria os melhores pilotos do mundo, colocando-os também nos carros mais velozes e com a melhor tecnologia disponível para atingir o equilíbrio entre a emoção da velocidade e a máxima proteção dos condutores.

Ainda que o esporte reúna os melhores pilotos do mundo e que seus quadros sejam renovados de forma constante com novos talentos que ambicionam tirar dos primeiros postos os condutores mais veteranos, a Fórmula 1 não é isolada aos efeitos dinásticos que outros esportes sofrem. Desde os anos 2010, Lewis Hamilton é soberano no número de títulos da competição, trazendo a sua equipe, a Mercedes-AMG, a galope na conquista de títulos de construtores.

Dinastias ocorrem também em outras modalidades do automobilismo. Além da mais famosa dinastia do esporte antes de Hamilton, envolvendo a Moto GP e o piloto italiano Valentino Rossi, é possível identificar na NASCAR, na Fórmula Indy e em outras categorias o domínio de alguns pilotos ao longo dos anos nos pódios e, consequentemente, no levantamento de troféus. Mas mesmo a presumida falta de competitividade que essas dinastias trazem não é impedimento ao fascínio de fãs que se mantêm tensos na ponta dos seus sofás graças às emoções das corridas que acontecem nos asfaltos mundo afora.

Poucas, porém longas dinastias espalhadas pelo esporte

A primeira dinastia da Fórmula 1 começou pouco tempo após a primeira edição do torneio, por meio do argentino Juan Manuel Fangio. Após conquistar o primeiro lugar na competição da segunda edição da F1, em 1951, o célebre piloto foi campeão por mais quatro vezes entre 1954 e 1957.

Esse tipo de dominância só seria repetido 43 anos depois, com o alemão Michael Schumacher. Representando a Ferrari, o lendário condutor ganhou títulos de 2000 até 2004, após conquistar dois títulos consecutivos em 1994 e 1995 pela Benetton.

Antes do domínio de Hamilton, outro alemão dominou a coleta de troféus na Fórmula 1. Sebastian Vettel e a Red Bull tomaram a Fórmula 1 de supetão com quatro títulos entre 2010 e 2013, sequência quebrada somente por Hamilton em 2014.

Indo além da Fórmula 1 e focando na NASCAR, o nome mais conhecido da categoria é o de Dale Earnhardt, piloto estadunidense que conquistou sete títulos durante seus mais de 25 anos na profissão. Entretanto, o mais longo e continuado período de dominância na categoria foi alcançado por Jimmie Johnson entre 2006 e 2010. Dirigindo pela Hendrick Motorsports, Johnson foi campeão cinco vezes seguidas da NASCAR Cup Series, conquistando mais dois títulos em 2013 e 2016, e sendo transferido para a Fórmula Indy no começo deste ano.

Falando em Indy, quem mais chegou perto de uma dinastia na categoria foi o piloto britânico Dario Franchitti. Pilotando pela Chip Ganassi Racing após ganhar seu primeiro título em 2007 pela equipe do também lendário Mario Andretti, Franchitti alcançou o primeiro posto na competição entre 2009 e 2011.

Mas, por mais dominantes que sejam estes pilotos, fica claro também que tais dinastias não são uma ocorrência tão comum justamente pelo fator competitivo anteriormente mencionado, como mostra a lista de troféus da Fórmula 1 compilada pelo portal Globo Esporte. De fato, a temporada atual da Fórmula 1 e as odds disponibilizadas pela site de apostas esportivas Betway para o campeonato mostram tal dificuldade. Lewis Hamilton ainda é o favorito, com 58% de chances de vitória, mas não de forma ampla – graças aos esforços de Max Verstappen e as surpresas que os pódios da Fórmula 1 têm trazido na temporada atual.

A Fórmula 1 encontra-se atenta às demandas

Um dos grandes chamarizes para o público é justamente o grau de competitividade que o automobilismo proporciona. O fato de o esporte ser ainda individual e depender muitas vezes do talento e esforço de um só indivíduo, ainda que esteja por trás dele toda uma equipe e até um companheiro que pode auxiliá-lo de forma estratégica nas corridas, ajuda também a reforçar o fator “idolatria” que o esporte pode gerar. Isso ajuda a explicar em parte a significância de heróis do automobilismo brasileiro, como Ayrton Senna e algumas de suas corridas lendárias.

Alguns fãs podem até temer pela longevidade de esportes como a Fórmula 1 quando ela demonstra à primeira vista falhar em colocar na disputa pilotos que têm a capacidade de tirar Hamilton do topo da categoria. Mas quem tem acompanhado a categoria nos últimos anos reconhece que não só Hamilton é um talento geracional, visto que ele possui competidores tão talentosos quanto aqueles que ameaçavam os postos de Senna, Schumacher e companhia num passado longínquo.

Além disso, a Fórmula 1 tem demonstrado nos últimos anos uma excelente capacidade de angariar um público mais jovem, que, ao que tudo indica, continuará leal à categoria. Além dos “memes” e da aproximação entre fãs e pilotos, mudanças técnicas, como o design dos carros a ser lançado a partir de 2022, mostram que a gerência da principal categoria do automobilismo mundial se encontra em muito boa sintonia com o que o público quer: mais e mais emoção.