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WEC – [TDT em Le Mans] Sarthe e a história da prova

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24 Horas de Le Mans (Foto: Correio do Povo)

Após duas etapas – Silverstone e Spa-Francorchamps – vencidas pela Toyota, o Mundial de Endurance faz os preparativos para a prova mais importante da temporada (e talvez do automobilismo mundial): as 24 Horas de Le Mans!

Aproveitando o embalo das equipes, o Tomada de Tempo também já começa a se programar para a prova de maior duração do calendário. Por isso, nas próximas semanas faremos um especial de 5 histórias que envolvem a etapa francesa.

Começamos hoje falando um pouco mais sobre o histórico das 24 Horas, além de comentar sobre o icônico Circuit de la Sarthe.

Circuit de la Sarthe

Circuit de la Sarthe (Foto: Operation Sports/Adaptação)

Localizada na cidade de Le Mans, o Circuit de la Sarthe é de propriedade do Automobile Club de l’Ouest (ACO), organizador da etapa de 24 horas. Além do Mundial de Endurance, a pista também recebe a MotoGP – em uma configuração menor, conhecida como Bugatti Circuit. Com um total de 13.626 km e 38 curvas, é considerado o segundo circuito mais longo do mundo (atrás apenas do Nordschleife Nürburgring, que pode alcançar até 25.947 km).

O circuito é mundialmente famoso pela Ligne Droite des Hunaudières (também conhecida como Reta Mulsanne), um trecho reto de 6km de extensão que culmina na Curva Mulsanne. Os anos 80 presenciaram carros alcançando incríveis velocidades na Hunaudières (recorde de Roger Dorchy, em 1988, de 405 km/h), que por motivos de segurança teve duas chicanes instaladas em 1990. A linha de chegada e a reta dos boxes ficam na região conhecida como “estádio”, cuja capacidade para espectadores é de 100 mil lugares, e são seguidas pela Curva Dunlop e pela Chicane Dunlop.

Vista aérea do Bugatti Circuit (Foto: Snaplap)

O Bugatti Circuit é uma seção menor da pista, com 4.143 km e 11 curvas, que difere do circuito original após a Chicane Dunlop (os pilotos viram à direita na La Chapelle ao invés de seguir para a Esses, que culmina na Hunaudières) e volta somente próximo à linha de chegada (na Raccordement, trecho final das Chicanes Ford). Esta configuração foi utilizada pela Fórmula 1 no GP da França de 1967, e atualmente sedia a etapa francesa da MotoGP e do FIA European Truck Racing Championship.

24 Horas de Le Mans

2016 24 Heures du Mans (Foto: Alphr)

Final do século XIX. Os carros se tornam cada vez mais populares na Europa e, buscando aumentar suas vendas, os fabricantes enxergam as corridas como uma boa vitrine para apresentar seus modelos. Surgem então, na França, as primeiras competições de distância entre veículos automotores. Nas décadas seguintes, com o aprimoramento da tecnologia empregada, as velocidades aumentam e diminuem-se os tempos de prova – tornando os “Grand Prix” cada vez mais famosos.

No início dos anos 20, buscando inovar o modelo que vinha sendo aplicado, entusiastas planejam uma contenda que testaria a capacidade da fabricante produzir um veículo confiável, cuja durabilidade não afetaria a velocidade (aqui começam as preocupações com gasto de combustível). Tal resistência seria testada em um circuito “misto” – com trechos de rodovias públicas e asfalto de competição -, Circuit de la Sarthe. Assim, em 26 de maio de 1923, acontece a primeira etapa das 24 Horas de Le Mans.

As primeiras edições foram dominadas pela Bentley, Bugatti e Alfa Romeo, com as duas últimas sendo pioneiras no desenvolvimento aerodinâmico de seus carros visando maior competitividade. Na década de 30, após o primeiro cancelamento da prova (em 1936 a França enfrentou uma greve geral), a Europa viu o desenrolar da Segunda Guerra Mundial paralizar as 24 Horas de Le Mans por dez anos. Foi apenas em 1949 que, com a reconstrução de instalações do circuito, a competição voltou a ser disputada – ano que marca a primeira vitória da Ferrari em Sarthe.

Luigi Chinetti na Ferrari 166 MM, vencedora da edição de 1949 (Foto: 95 Customs)

Tecnologia e aerodinâmica eram aprimoradas anualmente. Le Mans ansiava para vislumbrar carros cada ano mais rápidos e, consequentemente, perigosos. Os acidentes já não eram tão raros e causavam muitas fatalidades no circuito (falaremos sobre esse assunto em outro post), provocando alterações no regulamento. Mesmo assim, nada abalava o charme de uma das provas mais importantes do mundo – que se tornava um pilar para o desenvolvimento e evolução dos carros de rua.

Apesar de disputada anualmente, as 24 Horas de Le Mans fizeram parte da World Sportscar Championship durante 39 anos (1953 – 1992), quando o campeonato foi extinguido, e retornou em 2012 sob a marca FIA World Endurance Championship. Durante a janela de 20 anos, entretanto, a etapa configurou como parte do calendário da American Le Mans Series e da Intercontinental Le Mans Cup (2010 – 2011).