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BATE PAPO NAS PISTAS – Piloto da Shell Racing, conheça um pouco mais sobre Átila Abreu – 2016

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Mais um grande piloto para nossa lista, hoje apresento a vocês o bicampeão brasileiro de kart e atualmente na equipe Shell Racing o paulista Átila Abreu.

Átila Abreu concentrado para a Corrida do Milhão em Interlagos – Foto: Rafael Gagliano

O paulista iniciou sua carreira no ano 1996 competindo no kart, modalidade na qual o piloto foi campeão paulista e bicampeão brasileiro. Com uma bagagem de sucesso a nível nacional, Átila começou a sua carreira na Europa, onde, em sua primeira temporada conquistou um terceiro lugar na classificação geral no campeonato europeu.

Em 2003, o piloto ingressou na Fórmula BMW alemã, fechando a temporada com um sétimo lugar. Já no ano seguinte, Átila se tornou vice-campeão da Fórmula BMW, atrás apenas do piloto alemão Sebastian Vettel.

Além de ser companheiro de equipe de Vettel, o paulista também dividiu o cargo de piloto oficial da Mercedes com Hamilton em 2005, mesmo ano em que o piloto acabou abandonando as competições de monopostos devido a sérios problemas relacionados a sua altura – 1,90 m –, transferindo-se para as competições de Turismo.

Voltando para o Brasil no ano de 2006, Átila deixou os monopostos europeus, e foi para os carros de Turismo onde estreou na Stock Car realizando as suas primeiras provas.

Em 2008, Átila participou de sua primeira temporada completa na Stock Car, pela equipe Texaco JF Racing, onde levou o título de piloto revelação da competição, temporada na qual o paulista terminou na oitava colocação. A partir de 2009, Átila trocou de equipe e foi para a AMG Motorsports, levado por Ingo Hoffmann, que se aposentou na equipe, depois da campanha sólida na temporada o piloto finalizou o ano na sétima posição do campeonato.

Em 2010, o piloto sorocabano conquistou sua primeira vitória da carreira na Stock Car, na etapa de Ribeirão Preto. Um ano depois o piloto continuou regular, sempre dentro dos playoffs – finais da Stock Car. Átila foi para a fase final com o terceiro lugar na classificação, graças a duas vitórias – uma em Ribeirão Preto, e outra no Velopark. No entanto, após o envolvimento em seguidas batidas o piloto terminou o campeonato em décimo.

Depois de alguns anos na categoria foi que o piloto paulista realizou seu melhor feito, sua melhor temporada foi em 2014, quando acabou terminando como vice-campeão, atrás do chefinho Rubens Barrichello.

Atualmente o piloto é companheiro de Ricardo Zonta e faz parte da equipe Shell Racing, a bordo do Chevrolet Cruze 51, um dos mais bonitos do grid. Uma novidade é que para a próxima temporada, Átila terá Thiago Meneghel como preparador, engenheiro que já conquistou dois títulos na categoria.

Comecei o nosso bate papo, perguntando ao piloto como foi seu início de carreira aqui no Brasil, e onde nasceu todo seu amor pelo esporte.

“O primeiro veículo que eu acelerei foi um jet-ski e logo me encantei com aquilo. Depois o mecânico do jet-ski se envolveu com Kart e logicamente me levou. Então fui para o kart, como a maioria dos pilotos brasileiros começam. Mas desde o início sempre gostei de entender e pilotar as mais diversas máquinas. Deve ser por isso que agora, adulto, além da carteira de piloto de carro de competição, tem habilitação para todos os veículos de rua, moto, e certificado para pilotar avião”.

Átila, teve uma grande participação na Fórmula BMW, onde esteve ao lado de Sebastian Vettel, piloto que foi tetracampeão da Fórmula 1. Perguntei ao piloto como foi ser o companheiro de equipe do alemão, e o que ele pode tirar de bom para sua carreira dessa parceria.

“Ainda estávamos na adolescência e já dava para ver que o Vettel seria um competidor diferenciado. Ele sempre teve muito suporte do programa de desenvolvimento de pilotos que acabou o levando até os títulos da F1. Dividimos a equipe em um ano em que eu fui 15 vezes para o pódio, e ele 20. Era um companheiro muito rápido e naquela época já dava para saber que ele tinha estrela”.

O piloto de Sorocaba, tem uma altura que não é muito semelhante à dos demais pilotos. Sua altura foi motivo de seu retorno ao Brasil, perguntei ao piloto qual foi sua maior dificuldade nos monopostos.

“Era bem complicado competir no monoposto. Muitas vezes saía do carro com hematomas nos braços e nas pernas de tanto encostar na carenagem. Também ficava obviamente mais alto que os adversários dentro do cockpit e isso acaba atrapalhando um pouco na aerodinâmica. Depois fiz tratamento para não crescer tanto, porque as projeções indicavam que iria para mais de 2m de altura, fiquei “só” com 1m90, muito alto para piloto de Fórmula e muito baixo para jogador de basquete”.

Continuei o bate papo perguntando se atualmente ainda existe algum problema ou limitação relacionado à altura do piloto dentro do belo Cruze da Stock Car.

“No Stock Car não faz tanta diferença em termos de performance. Mas claro que no conforto tem algum impacto sim. Quando trocamos o banco do Stock Car, por exemplo, eu demorei um pouco a me adaptar, pois mesmo no Stockão fico meio apertado”.

“As maiores dificuldades aparecem na corrida de duplas, quando tenho que sair do carro para entrar o companheiro. Nos três anos andei com o Nelsinho Piquet, e ele precisava encaixar um molde no banco antes de se amarrar para dirigir o carro, assim conseguia chegar na posição ideal”.

Vale lembrar que o carro da Stock Car não tem trilho no banco, como outros carros de competição que foram projetados para troca de pilotos.

O piloto nasceu no kart, logo depois passou pela Fórmula BMW e atualmente faz parte do grid da Stock Car. Perguntei o piloto como foi sua adaptação a Stock Car, quem o auxiliou nesse período e qual foi na opinião dele as maiores diferenças e dificuldades de adaptação que ele sentiu.

“Depois que voltei da Europa fiquei um período afastado das pistas, até que o Djalma Fogaça, hoje piloto e dono de equipe na Fórmula Truck, que também é natural de Sorocaba, me convidou para conhecer a Stock Car. Então fiz uma prova experimental em 2008 e no ano seguinte entrei definitivamente na categoria. São várias diferenças, os competidores andam mais próximos em carros fechados, contatos são bem mais frequentes, tem as largadas lançadas em fila dupla também”.

Com os números e atuações do piloto nas pistas, vemos uma crescente muito grande na sua performance dentro da Stock Car. Sem mencionarmos seu talento, que sabemos que é enorme, segui perguntando quais são os planos futuros de Átila dentro da Stock Car agora que ele está com um novo comandante, o grande Thiago Meneghel.

“Tive meus melhores anos na Stock Car com o Thiago Meneghel. Fomos vice-campeões em 2014, terceiro no campeonato em 2012, ganhamos o troféu das poles em 2013 e o de melhor ultrapassagem da temporada em 2015”.

“Surgiu a oportunidade de competir pela Shell Racing e mudei de equipe neste ano. Conquistamos três pódios e uma vitória, mas as coisas não funcionam exatamente como a gente esperava, então o caminho natural foi voltar para o Thiago, levando a Shell em 2017. Sei que ele nunca teve um suporte tão profissional quanto o que teremos no ano que vem e, mais ainda, será a primeira vez que terá dois carros altamente competitivos em casa, eu e o Zonta. Então espero brigar novamente pelo título.”

O piloto é uma pessoa de muito prestígio no cenário nacional, antes de finalizar perguntei ao piloto quais são suas ambições para o futuro dentro do esporte, se ele pretende um dia voltar a Europa e correr em uma categoria por exemplo como a DTM.

“Meu objetivo é conquistar o título da Stock Car. Mas, claro, sou apaixonado por carros e corridas, sempre que posso acompanho o cenário internacional. Há dois anos fiz algumas provas de rallycross e fui finalista dos X Games, o maior evento do ano para aquele tipo de carro. Também corri de GT na Europa ano passado na equipe do Antonio Hermann, foi memorável”.

Para finalizar, muitos pilotos novatos tem a carreira de Átila como espelho, pedi que o piloto contasse um pouco da sua experiência e também apresentasse alguns conselhos para essa nova geração do automobilismo nacional.

“Difícil dar conselhos, a geração mais nova já vem com seus coaches e preparadores que pensam as carreiras deles de uma forma bem ampla. Mas o que eu posso falar é que especialmente nos momentos de dificuldade sempre se lembrem dos motivos que o trouxeram para este esporte em primeiro lugar”.

“Neste ano por exemplo chegamos para a corrida de Londrina depois de uma etapa muito difícil na Corrida do Milhão, largando lá atrás. Estava meio desanimado e entrando no autódromo passamos pela pista de kart e daí eu lembrei “nossa, foi aqui que eu ganhei meu primeiro brasileiro de kart”, então tentei competir naquele fim de semana com o astral que tinha no kart, desfrutando da experiência de acelerar um carro de competição, curtindo o máximo e deixando a pressão de lado. Deu certo e terminamos em segundo lugar”.

Com os conselhos do piloto, finalizo a matéria agradecendo ao Guto Mauad, por nos ter auxiliado para o sucesso dessa entrevista. Por último e não menos importante, meu muito obrigado ao gigante Átila, que nos concedeu um espacinho em sua agenda, e assim fazendo parte do nosso time de estrelas no Bate Papo nas Pistas.

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Tomada de Tempo, aqui a sua notícia é pole position.